quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dos "reis", o mais alto e mais recente

Nesta noite degladiaram-se 2 dos "reis de Copas" que a América do Sul possui. Independiente, tradicionalíssimo, vencedor de 7 Libertadores da América, dentre outros; LDU Quito, só não ganhou mais que o Internacional na atual década, vencendo todos os campeonatos possíveis, a não ser o Mundial de Clubes. Válido pela Copa Sul-Americana, o mata-mata já havia acontecido na Libertadores '11, em sua 1ª fase. E a lógica seguiu: passou o time equatoriano, que enfrentará nas quartas-de-final o vencedor do confronto entre São Paulo e Libertad/PAR. Falo em lógica, por aqui, porque o time de Quito é o mais sólido dentre os 2, ainda que o Independiente tivesse sido o campeão anterior da Sul-Americana. Contudo, a LDU mantém uma base desde 2006, chegando longe em todas as competições sul-americanas, dando muito trabalho para muita gente grande nesse meio tempo.

Não poderia ser diferente desta vez, principalmente se considerarmos que o Independiente não vem na melhor de suas fases, com uma transição de comando, de Antonio "Turco" Mohamed para Ramón Díaz, e convivendo com uma disputa eleitoral acirradíssima. Aliás, ouvi a entrevista do presidente Julio Comparada, empresário de Avellaneda, que confia em se manter no cargo, mesmo sem o apoio majoritário dos hinchas do Rojo. O time não é dos melhores, condição consolidada ao longo desta década, além de o relacionamento de Comparada com os barra-bravas ser, digamos, estreito. Sinceramente, não sei o que poderia prender o atual presidente no cargo, mas, enfim, cada louco com sua loucura.

A torcida não compareceu em grande número no Libertadores de América, mas desde o início buscou empurrar o Rojo para alcançar a desvantagem no confronto, já que a 1ª partida, no Equador, havia terminado 2-0 para Los Albos. As ações, nos primeiros minutos, foram comandadas por Patricio Rodríguez e Matías Defederico, ex-Corinthians, que jogavam liberados as costas dos volantes Hidalgo-Calderón. Outro que se destacava era o meia-atacante Leonel Nuñez, que buscava mais o jogo, abastecido pelos outros 2 meias. O desenho tático de Ramón Díaz foi um 4-4-1-1, espelhando a intenção de Edgardo Bauza, que, por vezes, mutou o esquema para um 4-3-2-1, sempre isolando Hernán Barcos, visto que a participação de Equi González (ex-Fluminense) e Luis Bolaños (ex-Inter/Santos) era praticamente nula.

Na 3ª parte do 1º tempo, os volantes conseguiram achar os meias argentinos, e a partida mudou de figura. Os laterais, Argacha e Julián Velázquez, precisariam aparecer mais para o jogo, e foi isto que aconteceu. Ainda assim, mesmo que "El Gordo" Nuñez se movimentasse bem, aparecesse nas jogadas de ataque, o centroavante Parra, uma espécie de André Lima argentino, seguia sem ser abastecido. Bom, abastecido ou não, não creio que o #17 do Independiente fosse capaz de fazer alguma diferença. O time argentino chegava apenas em chutes de média-longa distância, sem assustar Domínguez, e os equatorianos tentavam responder às costas de Velázquez, entretanto Bolaños, principal válvula de escape dos visitantes, não fazia boa partida.

Nuñez abriu o placar no finalzinho do 1º tempo, na única maneira que o time "rojo" poderia chegar ao gol, em chutes de fora da área. "El Gordo" experimentou, a bola desviou em um defensor da LDU e matou Domínguez. O Independiente iria para o intervalo com metade do trabalho, para levar o confronto aos pênaltis, cumprida. Acalmava a torcida, e dava ânimo aos próprios jogadores, que pareciam estar extremamente ansiosos para fazer os gols, principalmente os garotos Rodríguez e Defederico, que sumiram do jogo em determinado momento. Já a LDU não reagia muito bem à pressão argentina, talvez o gol fosse fazer o time arrefecer ainda mais.

Na 2ª etapa o Independiente já foi para cima dos equatorianos, que, mais experientes, administravam bem o placar, seguindo sem correr grandes riscos. A melhor oportunidade do Rojo foi em jogada lateral, em que Domínguez espalmou nos pés de Defederico, que chutou em cima do goleiro equatoriano. Ali já se percebia que a vaga ficaria com o time de Edgardo Bauza. Os veteranos De La Cruz e Reasco lideravam o time Albo, já possibilitando a Barcos trabalhar bem as jogadas, com Bolaños menos escondido que no 1º tempo. Considero o time equatoriano muito, mas muito melhor que o argentino, com condições totais de ir longe, talvez até ganhar a Sul-Americana. Jogou como manda a cartilha.

No fim do jogo, na base do desespero, o Independiente foi para cima, forçando as jogadas com Parra, que era um muro no comando do ataque. Ferreyra ainda entrara para dinamizar a meia-cancha, sem muito sucesso. O árbitro Buitrago (melhor nome, diga-se de passagem) levou bem o jogo, as vezes deixando correr, as vezes sendo um pouco mais rígido, mas com boa atuação. Expulsou Godoy, no final da partida, nada que manchasse ou modificasse o nível do trio de arbitragem. Gostei bastante do jogador Nuñez, seria bastante útil em um esquema onde ele fosse um 2º atacante. Para o nível do Campeonato Argentino, o Independiente, seguindo assim, poderá ir longe, ou não correr riscos, no mínimo.

Já a LDU eu vejo como favorita ao título, considerando a má campanha no Campeonato Equatoriano, no qual é 4º colocado. Certamente o clube vai querer aproveitar a chance de ganhar a sua taça em 2011, e dificilmente o time de Quito costumou desperdiçá-las nos últimos tempos. Não precisou sofrer muito para tirar o Independiente, que com muita gritaria, não conseguiu criar o suficiente para levar a partida ao menos para a marca da cal. É um time muito maduro, e, mantendo o padrão, irá longe. O vencedor de São Paulo e Libertad que fique de olho: o time que joga nos calcanhares de Deus vai querer fortalecer seu status de um dos "Reis de Copas" da América do Sul, e não medirá esforços para tal.

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