quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mística às avessas

Forças paranormais explicam o acontecido ontem no Olímpico Monumental. Este estádio tem uma aura que não lhe permite viver um clima de "oba-oba". Sempre algo dá errado. Ontem, contra o Figueirense, não poderia ser diferente, uma equação onde o único resultado era a derrota eminente do Tricolor, que ocorreu, de fato. Vejam: feriado + jogo no meio da tarde em dia de semana + crianças acompanhadas dos pais não pagavam ingresso + touca que não perde aqui desde 2003 = tragédia. A minha memória é reincidente na traição, mas a última vez que lembro de acontecer algo semelhante, foi no Dia das Mães, em 2009, quando mulheres não pagavam, e mais de 40 mil pessoas viram o empate entre Grêmio-Santos; detalhe: o gol santista saiu no último lance.

E havia, realmente, uma piazada nas arquibancadas. Típico jogo destruidor de sonhos, graças a Deus não tenho filhos (ainda), e não preciso persuadir ninguém a torcer por este time fiasquento. Fico pensando em quantos deles não chegaram ou chegarão na escola ou na creche hoje e terão de ouvir galhofas dos amiguinhos colorados. Os anos 90 finalmente estão cobrando seu preço, com juros e correção monetária. Azar da nova geração, e seus pais que se virem. Só sei que jogos assim, com muito clima de festa, com muitas mulheres e crianças, é prenúncio do pior. Como pode, um time que tem uma torcida tão maloqueira, ter tanta gente de bem nas arquibancadas, é surreal. Tanto quanto perder para o Figueirense.

Surreal, surreal, não foi, se consideramos o momento atual. Me doi dizer que o Figueirense é muito mais time que o Grêmio, e doi mais ainda dizer que o 1-3 foi injusto - o resultado mais adequado teria que ser uns 1-5, 1-6... A atribuição dos 2 primeiros parágrafos é só uma constatação no desespero de achar uma desculpa para o indesculpável. Porque é inadmissível perder para um clube do 2º escalão (no mínimo) do futebol brasileiro, em pleno Monumental. Vejam bem, um clube, pois o time está entre os melhores do campeonato, só não faz uma campanha ainda melhor devido aos diversos pontos perdidos no Scarpelli, e pelos métodos ligeiramente medrosos do dublê de técnico e pastor Jorginho, que deve acreditar piamente que Deus castiga se os jogadores atacarem o adversário.

E foi um time que eu devo ter chamado 27 vezes de "ruim" durante a partida de ontem. Olha, se o Figueirense é ruim, não tenho adjetivos para o Grêmio, ou pelo menos para sua atuação ontem. As principais qualidades que o time tinha com Celso Roth parecem ter ficado em algum lugar do passado recente, ou algum lugar da cidade, preferencialmente bares e casas noturnas (A/C Douglas e Mário Fernandes). Por vezes acho que não sei nada de tática, e que Roth é um Mourinho incompreendido, inclusive pelos seus próprios jogadores. Pois é assustadora a tendência que o time Tricolor tem de afunilar as jogadas, defeito recorrente do ano passado, diga-se de passagem, mesmo tendo um centroavante (sic) de ofício, e que é notório e sabido que não consegue fazer mais que 2 embaixadinhas com a bola nos pés.

As jogadas de linha de fundo praticamente inexistiram. Quando existiram, foram executadas com absurda imprecisão. Foram incontáveis os cruzamentos que passaram sobrevoando a grande área ou que sairam direto pela linha de fundo, ou até a de lado. De tanto insistir, até que o gol gremista saiu em um cruzamento, raramente qualificado, de Douglas. Não falei sequer dos escanteios e faltas laterais, 96,2% delas cobradas fechadas, e em cima do goleiro. Sempre na estratégia [?] dos pés trocados. Falhar nas bolas paradas ofensivas é um presente para qualquer adversário minimamente preparado para contra-atacar. E o contra-ataque é uma especialidade do Figueirense, que já matou Santos e Corinthians fora de casa deste modo. Achou um gol, segurou uma pressão estéril, e ganhou na velocidade.

Me falta paciência para falar sobre o jogo, onde se notou uma superioridade absoluta do Figueirense. A se lamentar a atuação fraca de alguns jogadores, do ponto de vista individual, como Fábio Rochemback, Escudero e Douglas, de quem sempre se espera boa produção, e de Edcarlos, Rafael Marques e André Lima, de quem não se espera grande coisa, mas estiveram muito abaixo de sua já insuficiente média. Culpar o Victor no gol de Elias (o 2º) me parece maldade, bola no contra-pé, complicada de se defender, e quase que foi feito o milagre. E ontem foi a prova cabal de que o Grêmio até tem um time razoável, mas não tem peças de reposição mesmo: Diego Clementino pelo menos é um ruim que custa pouco, enquanto por Miralles foi paga uma nota preta, e este é um Herrera piorado. Pena, queria que este jogador me calasse a boca, mas só confirma o que eu já imaginava: um flop gigantesco.

Com a derrota, o delírio da Libertadores '12 se acaba. Por mim, que se demitisse Roth, e começasse um planejamento decente para o próximo ano, para ganhar Copa do Brasil e Gauchão, no 1º semestre; com Roth, tal expectativa não passa de muito pensamento mágico. Faltam 6 pontos para fugir da degola, e até sem técnico o time conseguiria 1 vitória e 3 empates, ou até mesmo 2 vitórias. O tal planejamento passa por montar um grupo decente, com atacantes (coisa que Duda Kroeff tentou fazer em 2009/2010) e defensores de qualidade superior, e sem sonhos com Felipão, pelo amor de Deus, se for assim, que se mantenha o Celso Roth. Gostaria muito de um técnico estrangeiro no Grêmio, e 2 alternativas uruguaias e completamente opostas me agradam: o ofensivista Carrasco, do Emelec, e o retranqueiro Fossati, do Al-Saad/CAT. Se é para não ganhar nada, que se perca com risco - a possibilidade de retorno é bem maior.

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