segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Muchas gracias!

Algumas coisas são sensacionais no futebol. No Clausura passado o Belgrano, de Córdoba, como todos sabem, foi o coveiro do Club Atletico River Plate, consolidando o descenso do maior campeão da Argentina para a temível Primera B Nacional. Ontem, este mesmo Belgrano foi enfrentar o Boca Juniors, maior rival Millonario, no mítico estádio de La Bombonera. A barra La 12 tem uma faixa onde se lê "Nunca hicimos amistades", ou algo assim. Pois bem, o clima era de confraternização total entre os torcedores xeneizes e do Pirata, graças aos históricos acontecimentos do mês de junho, ou melhor, de agradecimento por parte dos hinchas de Boca, por proporcionar uma temporada inteira de galhofas intermináveis para cima de seu tradicional inimigo.

No torneio atual, era o confronto do líder absoluto, que tinha nas mãos a chance de abrir 8 pontos sobre seus principais concorrentes, depois de 11 rodadas (!!) transcorridas, botando uma mão e 2 dedos na taça, contra um time recém-promovido, que faz campanha bastante digna, e que, na opinião deste blogueiro, joga o futebol mais eficiente na Republica Argentina neste Apertura, além de ter desempenho impecável fora de casa, estando invicto (3V, 3E). A promessa era de um jogo acima da média do torneio, que vem apresentando jogos lamentáveis, entretanto, Boca Juniors-Belgrano caiu no lugar comum deste Apertura: jogo morno, com muita transpiração, pouquíssima inspiração de parte a parte e 0-0 cravado no placar.

O maior destaque da partida, sem sombra de dúvida, foi o goleiro Olave, figura importantíssima na campanha do Ascenso e, principalmente, na Promoción. Sempre seguro nas intervenções, ainda fez um verdadeiro milagre na 2ª etapa, salvando conclusões de Cvitanich e Blandi, na mesma jogada. O Boca Juniors vive, há 10 anos (exceto o período entre 2003 e 2006), uma síndrome de Riquelmedependência. Todas, eu disse todas as jogadas precisam passar pelos pés de Román, para que haja alguma possibilidade de sair algo que preste. Com o craque apagado, ou com má vontade, praticamente nada acontece ofensivamente, a estrutura é preparada especialmente para o brilho do #10 xeneize.

A linha ofensiva do Boca me parece insuficiente ao extremo, mesmo que Viatri e Mouche tenham sido (inexplicavelmente) chamados para a disputa da Copa Roca. Com a contusão gravíssima de Viatri (rompeu ligamentos do joelho e fica fora por 6 meses), praticamente não há alternativas - Mouche, em uma dupla com maior mobilidade com Cvitanich, é uma tendência, embora Blandi e Fragapane não possam ser descartados, mesmo que o último seja muito jovem. O time segue invicto, o sistema defensivo funciona muito bem com a linha Roncaglia-Schiavi-Insaurralde-Clemente Rodríguez e com a proteção de Somoza, tanto é que o time tem a melhor defesa, com apenas 2 gols sofridos.

A tendência é que o Boca caminhe para o título, que não vem desde o Apertura 2008, mesmo com todas as dificuldades, uma vez que Riquelme é um fator desequilibrante que nenhum outro clube no país possui. Do Belgrano eu venho gostado, desde a disputa da Promoción contra o River, tem um sistema de jogo muito bem definido e azeitado por Ricardo Zielinski, e jogadores com qualidade para estar em times grandes da Argentina, como Cesar "El Picante" Pereyra, Lucas Parodi e, principalmente, Franco Vázquez, este já negociado com o Palermo, da Itália. Sigo torcendo para que continue com esta campanha digna, considerando o equilíbrio que é a tônica atual no futebol argentino.

O outro invicto do Apertura é o Racing, de Avellaneda, que empatou pela 7ª vez em 11 jogos (!), mas é vice-líder, junto com o Atletico de Rafaela, ambos com 19 pontos. No sábado o time dirigido por Diego Simeone empatou fora de casa contra o fraco San Martín, de San Juan. Mesmo mostrando um futebol mais plástico que os demais concorrentes, La Academia não convence, e a volta de Giovanni Moreno parece ter prejudicado o time. G10 é um jogador de extrema qualidade técnica, me lembra muito Rivaldo, só que por vezes demasiado individualista, o que acaba prejudicando suas atuações. A lesão de Toranzo, ponto de equilíbrio do time, é outro fator relevante, pois não há a ligação de Yacob e Pelletieri com os armadores Moreno e Castro (Viola, na partida de sábado), uma vez que em seu lugar vem jogando "El Demonio" Gabriel Hauche, atacante de lado de campo, que apenas compõe a banda direita nos lances ofensivos e defensivos. Na próxima rodada, o acompanhamento deste blog será justamente no jogo do Racing, que receberá o Lanús no domingo, as 21h15, no Cilindro de Avellaneda.

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