sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Galácticos do Humaitá

Antes de mais nada é importante destacar a volta da equipe Vida Cancheira aos gramados virtuais, movimentando este espaço que foi utilizado até meados do ano passado, ficou guardado com carinho e volta a ser útil para que nossas análises futebolísticas, entre outras. Deixamos o domínio ".com.br", por questões administrativas, mas mesmo por aqui tentaremos ser o mais dedicados possível para levar nossas visões e opiniões aos leitores que nos acompanham desde setembro de 2011.

Fiquei de acompanhar e cobrir para o blog o confronto do Grêmio contra a Liga de Quito, pela fase preliminar da Copa Libertadores da América. Até então, poucas emoções na pré-temporada gremista, que era de um marasmo de dar dó, onde pouca gente chegava, as negociações aqueciam e esfriavam em ritmo nada empolgante, e tudo dava a entender que o Grêmio enfrentaria seus 2 jogos na Copa praticamente com o mesmo time de 2012. Os reforços até a virada do ano eram Dida, veterano goleiro de 40 (!) anos, contratado junto a Portuguesa (!!), e Willian José, promissor (?) centroavante do São Paulo, além do pacotão dos garotos do Juventude Follmann (goleiro), Bressan (zagueiro), Alex Telles (lateral-esquerdo), Ramiro (volante) e Paulinho (atacante). Na primeira semana deste ano chegou mais um veterano, Cris, zagueiro de 35 anos que estava no futebol turco.

O clube esteve envolvido em uma novela interminável contra o São Paulo para trazer o atacante chileno Eduardo Vargas, do Napoli. Às vésperas da estreia gremista na Libertadores foi confirmada a contratação do avante que se consagrou jogando pela Universidad de Chile, em 2011. Pouco antes, havia sido trazido o jovem Jean Deretti, meio-campista do Figueirense - em troca, Felipe Nunes, Maylson e Willian Magrão foram para o Furacão do Estreito. A gestão Fábio Koff, até este momento, era muito criticada, e o principal alvo dos ataques era Rui Costa, executivo de futebol que passou pela gestão Duda Kroeff no segundo semestre de 2010 (juntamente com o excelente Alberto Guerra). Taxado de devagar, inclusive por este blogueiro, Rui preferiu trabalhar quietinho, principalmente depois que o assessor da presidência Omar Selaimen (who?) pediu as contas.

Isto que nem estou contando as vitórias nas negociações com Santos e Porto para manter Pará e Souza no elenco - ambos foram contratados em definitivo. Enquanto isto, o time treinava na altitude de Quito, buscando a sonhada adaptação as condições do centro do mundo para passar pela Liga Deportiva Universitária local. A (só aqui no Brasil) chamada pré-Libertadores reservou emoções além da conta para a torcida Tricolor. No primeiro jogo, o Grêmio deixou de matar o confronto por ironia do destino e falta de capricho e incompetência dos seus atacantes. Derrota por 1-0, gol sofrido no lance seguinte à lesão de Dida. A volta era nada menos que a primeira partida oficial disputada na nova Arena do Grêmio, e tudo já foi dissecado sobre o teste para cardíacos em que quase 8 milhões de torcedores foram aprovados, com louvor.

Não sei se o susto acordou a diretoria, sinceramente. O que se viu na semana seguinte a classificação foi uma verdadeira blitzkrieg do Grêmio no mercado: foram trazidos Adriano, volante do Santos, Welliton, atacante do Spartak Moskow/RUS (e que jogou demais pelo Goiás), e Hernán Barcos, do Palmeiras, todos dispensando maiores apresentações. Se pegarmos os nomes ventilados pela imprensa, incluindo na conta o bizarro caso de Enrico Cabrito e os nomes trazidos desde o final do ano passado, o balanço é de lucro absoluto para a direção gremista, vejam:

ESPECULADOS:
Diego Lugano, Anderson Polga, Antolín Alcaráz, Wellington Silva, João Filipe, Montillo, Éder Luís, Carlos Eduardo, Sebastián Coates, Fabián Balbuena, Emiliano Insúa e Jonas.


VIERAM:
Souza, Pará, Dida, Willian José, Cris, Jean Deretti, Eduardo Vargas, Welliton, Adriano, Hernán Barcos e André Santos.

Nem contei as bombas das quais o Grêmio se livrou. Aliás, contarei agora:

SAIRAM:
Gilberto Silva, Júlio César, Naldo, Pablo, Anderson Pico, Edílson, Gabriel, Marquinhos, André Lima e Vílson.

Alguns jogadores foram emprestados, como Leandro, Rondinelly e Léo Gago, na negociação com o Palmeiras para a vinda de Hernán Barcos, e, das saídas, a única discutível foi a do ótimo Júlio César, que acabou se transferindo para o Botafogo. Nada que fosse tão relevante assim. Bom, utilizei no título a expressão "Galácticos do Humaitá", claramente em alusão aos Galácticos do Real Madrid, que estão em sua 2º geração, mas que em 2000/2001 (biênio de times estrelares também no Tricolor gaúcho) arrebentou com o mercado de transferências. Tenho certeza que Fábio Koff está assumindo o papel de um Florentino Pérez - montando um time fortíssimo no ataque e deixando lacunas importantes em outros setores. Vanderlei Luxemburgo - que treinou o time espanhol no hiato entre os esquadrões - ganha bem até demais para ajeitar esta casa, já que material humano para fazer o time jogar da forma que ele, Luxa, gosta, tem de sobra.

Permito me colocar no lugar do "profexô", sem ganhar um tostão para isto, e fazer um pequeno exercício de imaginação. O que Luxemburgo pode fazer com um elenco tão recheado de alternativas ofensivas? Acredito que nem ele saiba ainda, podendo ter mais um ótimo "problema" à disposição, que é o lateral-esquerdo André Santos, que está chegando do Arsenal/ING. Eu pensei no assunto ontem, inclusive conversei com alguns amigos sobre e fiquei de dissertar, antes mesmo de explodir essa bomba da contratação de Barcos. Minha ideia inicial era claramente inspirada no Boca Juniors na década passada, que jogava em um 4-1-2-1-2, com um cabeça de área e um enganche bem definidos, além dos tradicionais carrilleros que apoiariam os laterais. Algo mais ou menos assim:


Utilizaria Elano e Zé Roberto como homens de 2ª função no meio-campo, não exigindo deles grandes avanços, muitas vezes fazendo com que eles joguem atrás da linha da bola, o que já acontece no 4-2-2-2 atual, e soltaria Facundo Bertoglio (uma vez se recuperando, de fato), Eduardo Vargas e Welliton, 3 jogadores de muita qualidade, velocidade e incisão, os chamados rompedores. Não podendo contar com o argentino, eu tentaria Jean Deretti, que até quando entrou contra a Liga de Quito mostrou virtudes interessantíssimas. Mal sonhava este blogueiro que a sexta movimentaria ainda mais o mercado... Então, já com Hernán Barcos e André Santos, creio que o melhor esquema tático seja o atual, com algumas mudanças de nomes, claro:


Vejam que a estrutura é a mesma, com alguns ajustes: Cris passaria a ser uma espécie de líbero, e Pará um lateral-base, até porque as melhores (?) características de André Santos são todas ofensivas. Adriano seria o volante responsável por cobrir o lado esquerdo, e Souza faria o lado direito, sem precisar se prender tanto. Zé Roberto pode ser um articulador mais recuado, posicionado à esquerda, explorando sua característica de pensar e organizar o jogo, e "fazendo" André Santos jogar. Assim Elano fica com mais liberdade para encostar nos atacantes, e eventualmente abrir para a direita, uma vez que sua condição física não é a mesma de 2010, por exemplo. Lembrando que são apenas esboços, sem grande aprofundamento ou sugestão de movimentação, mas creio que se possa ter uma ideia do que fazer.

Depois de muitos anos, o Grêmio tem opções de sobra, ofensivamente falando. Sequer toquei nos nomes de Kléber e Marcelo Moreno neste post, que formavam a dupla de ataque intocável do Tricolor na temporada 2012. Convido os leitores, neste reencontro, a sugerirem alternativas para montar este Grêmio, que, já na próxima quinta-feira, às 19h45, segue sua caminhada rumo ao Tri da América, recebendo o Huachipato/CHI. O Vida Cancheira estará na Arena do Grêmio para mais uma amostra do que os Galácticos do Humaitá são capazes. E sejam bem-vindos de volta!

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