sábado, 6 de agosto de 2016

99% candidato, mas aquele 1%...

A atuação de Wallace Oliveira foi tão boa quanto a expressão dele tentando se livrar da bola. Ainda bem que é jovem, e pode repensar a carreira (Foto: Rodrigo Rodrigues / Grêmio FBPA)
O Grêmio conseguiu se superar. O cantado e decantado fiasco no Independência no último domingo parecia ter sido o pior dos mundos nesse momento do Brasileirão, no qual o Tricolor ainda luta pelo título. Mas a surpreendente quente quinta-feira de agosto tinha mais uma armadilha preparada para as quase 18 mil pessoas que se prestaram a estar na Arena, no péssimo horário das 19h30. O time de Roger Machado novamente parou em um adversário da parte de baixo da tabela e perdeu mais uma chance de assumir a liderança do campeonato.


Pelo andar da carruagem, outra chance dessas não aparecerá tão cedo. A sequência gremista no Brasileirão, com o adiamento do confronto contra o Botafogo, pela última rodada do turno, é terrível. Os três jogos do começo do returno irão determinar qual o real objetivo do Grêmio no campeonato – a saber, o Tricolor receberá Corinthians e Atlético-MG e visitará o Flamengo, todos eles candidatos ao título. No meio desta sequência, haverá o jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil, contra o Atlético-PR, em Curitiba.

O empate contra o Santa Cruz foi decepcionante. Esperava-se outra postura do time após o tropeço contra o América-MG, tanto no aspecto psicológico, quanto no aspecto técnico. A empáfia da equipe novamente irritou o torcedor, que não poupou o time de vaias após o término da partida. Faltou profundidade ao time gremista, as alternativas propostas pelo treinador não surtiram efeito e o zero não saiu do placar. A propósito, se alguém esteve mais perto do gol, foi o time pernambucano, que teve atuação exemplar.

Houve inúmeros fracassos individuais. Negueba, de atuação promissora contra o São Paulo, ficou devendo, com direito a gol perdido sem goleiro, em rebote de falta batida por Miller Bolaños. O equatoriano também foi abaixo da média, assim como os outros componentes do sistema ofensivo, Douglas e Pedro Rocha – este último, constrangedor. A dupla Oliveira de laterais, Marcelo e Wallace, errou tudo que tentou. Ainda vou descobrir quem foi o empresário que conseguiu levar o lateral-direito para o Chelsea...

Mas o pior de todos foi Roger Machado. Internamente e em redes sociais eu até faço algumas críticas ao treinador gremista, mas aqui no blog eu vinha aprofundando mais as questões de limitações do time e pegando leve com o dono da casamata. Infelizmente, a paciência acabou. Mais uma vez as trocas não foram criativas, não alteraram o panorama técnico e tático da equipe, muito menos o panorama do jogo. Foram infinitos passes errados e espaços generosos para os contra-ataques do Tricolor do Arruda, muito mal aproveitados, aliás.

Até é elogiável a escolha pelo ótimo Guilherme Vieira, mas era praticamente impossível ser pior que fora Pedro Rocha. A entrada de Henrique Almeida é inexplicável. Quer dizer... Inexplicável é esse cara vestir a camisa do Grêmio. Ao que parece, não foi bem o Internacional quem tomou um “chapéu” nesse caso. No entanto, a pior de todas foi a entrada de Lincoln na vaga de Douglas, para atuar na ponta-direita (?). Em resumo: desorganização permanente e recorrente, sempre nos momentos em que o time mais precisa botar a bola no chão e jogar.

Quando o time está ganhando jogos complicados, colocam-se volantes para segurar o placar, ao invés de seguir com o mesmo padrão de jogo. Quando o time precisa de um gol, atacantes são empilhados, perde-se o meio de campo e a estrutura tática fica ainda mais vulnerável. Poucas foram as vezes que o roteiro proposto por Roger Machado deu certo. Enfim, penso que o técnico gremista precisa se reinventar, conhecer melhor as peças que tem, ou pelo menos demonstrar que as conhece, e utilizá-las da forma mais correta possível.


A campanha do time ainda é muito boa, vide a proximidade mantida para os líderes, mesmo com esse retrospecto recente de dois pontos contra dois dos piores clubes do Brasileirão. Depois da vitória contra a Ponte Preta, na rodada 6, falava que a equipe deveria manter uma regularidade, sobretudo jogando na Arena, onde deveria ser proibido perder pontos para equipes de tamanho inferior. O Grêmio conseguiu perder para o Vitória e empatar com o Santa Cruz, e isso é inadmissível.

A ilusão que eu tinha no início da competição se dissipou. Ainda que eu argumente favoravelmente ao time e suas possibilidades de sucesso no Brasileirão, o faço de cabeça fria, analisando a estrutura atual do time e dos adversários no campeonato. O Grêmio segue sendo candidato ao título brasileiro, mas entendo os torcedores que deixaram de acreditar. A equipe gremista vai ter que provar para seu povo que é possível seguir sonhando. E que a sequência que está esperando o Grêmio não faça a torcida acordar de vez desse sonho.

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